segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sobre eu mesma agora Parte I

Eu mesma agora não sei quem sou.
estranho
Essa falta de reconhecimento.
Me reconheço no espelho, claro.
Quase sempre.
Esse não é o problema. O problema é que não reconheço os outros.
Que estranha essa sensação, o não reconhecimento do outro.
Me sinto um alien, ou pelo menos, certamente alienada.
Sinto realmente estar fora da raça humana, como se nunca mais fosse capaz de entender nada da experiência humana.
Talvez eu volte.
Um dia.
Ou, quem sabe
não.

Sobre a Dor Verdadeira I

Dor física.
Dor.
Essa dor é de fato a maior e mais horrível dor que um ser humano pode experimentar.
Quem disse que a dor emocional pode ser pior nunca experimentou a dor física verdadeira.
Quem fala isso, nunca foi mais longe que um corte no joelho, ou um braço quebrado.
A dor verdadeira, a dor realmente insuportável, é a física.
Se não fosse assim, as pessoas seriam torturadas com palavras. Mas o são com ferro e vidro.
É bem diferente.
Um dia, faz alguns anos, eu passei por uma experiência de dor.
Não que antes disso eu não tivesse sofrido. Eu sofri.
Não que não tenha desejado morrer, desejei.
Mas nesse dia,
há alguns anos,
eu não sabia.
Não fazia a menor idéia.
Então,
em um segundo apenas,
eu soube.
Descobri.
Do que sou feita.
De que todos somos feitos...

De dor. Plena. Enorme. Incomensurável. Impossível. Indizível.

Somente então percebi que sou humana, que sou carne.

E nada mais.

Talvez um dia eu conte o que aconteceu.